Telúria (2023), de Nero | Opinião crítica por Manuel Neto dos Santos
- Outro
- 30 de mai. de 2024
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Opinião por Manuel Neto dos Santos, poeta
11 novembro 2023
No imperativo categórico de busca interior, a poesia de Nero expressa-se numa interacção entre o ser e o tempo. O acto de dizer-se perpassa as páginas que compõem Telúria. Estamos perante uma compilação de poemas estratificada sobre um substrato marcadamente gongórico, aliada a algum arcaísmo que dá a este volume um tom musical e vocabular.
Todo o seu acto de escrita é gesta rumo ao sublime. Se atentarmos aos detalhes estilísticos, encontramos - exclamativo, maiusculado, maiusculando vocábulos que o definem como poeta - a sua identidade expressada em palavras entre idades. Intrinsecamente lírico, o versar tem um registo de impulsividade, numa adjectivação enfática, em que a rima emparelhada ou parelhada e interna empresta a cadência ritmada da cantilena.
Nero é um narrador de universos antitéticos: o ontem e o hoje, o campo e a cidade. No campo, narra-nos o purismo, vocativo da cadência algo melancólica das memórias dos tenros anos, nessa ligação à terra, às árvores, às flores, às rotinas campesinas, numa genuína gratidão a tudo o quanto com os seus antepassados aprendeu. Poemas há em que se desnuda na sua mais pura sensibilidade e sofrido desencanto nas vivências pela cidade: a mentira, o pedantismo e a arrogância.
No seu todo, Telúria assevera-nos a matriz marcadamente subjectiva de Nero, num claro potencial ainda por explorar. Mas estamos, sem sombra de dúvida, perante um autor que ainda muito tem para oferecer às letras deste país.






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