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Entrevista a Nero (8) - pela escritora Nádia Carnide Pimenta

  • Outro
  • 16 de jul.
  • 3 min de leitura

Atualizado: 17 de jul.

Na fotografia, a escritora Nádia Carnide Pimenta (à esquerda) e Nero (à direita).
Na fotografia, a escritora Nádia Carnide Pimenta (à esquerda) e Nero (à direita).

Nádia Carnide Pimenta nasceu em 1994, em Belas, Sintra. É licenciada em Psicologia, mas trabalha atualmente na área editorial. Desde cedo que os livros e a escrita são parte do seu quotidiano. As Páginas da Pocahontas é o nome que deu ao seu blogue e que espelha os textos soltos que tem colecionado ao longo dos últimos dez anos, numa vintena de cadernos. Rege-se pelo mantra que ela própria criou: "é a realidade que me guia, ainda que seja o sonho aquilo que me move." O tempo, o amor, a natureza, o Alentejo e a literatura em si são a sua grande fonte de inspiração. O Vento Sabe Quem Eu Sou é a sua mais recente obra, que revela um ponto de viragem na sua vida e um mergulho num estilo de escrita que dá ao leitor um outro vislumbre, diferente dos seus romances já publicados.


Leitora de Nero, coloca as seguintes questões:


NCP — Numa apreciação que publiquei no meu site, acerca do teu Oceano - O Reino das Águas, escrevi que «é um livro de ensinamentos, valores, que demonstra que [...] é ao longo do caminho que vamos crescendo, amadurecendo, tornando-nos melhores ou piores pessoas, de acordo com a maneira como vemos (e queremos ver!) o que nos rodeia e o que nos acontece.» Concordas com esta visão?


N — Absolutamente. O Oceano é uma epopeia a muitos níveis operática, absolutamente suscetível, parece-me, a leituras caleidoscópicas. Haverá muitas formas de ler qualquer livro, mas essa verdade será ainda mais verdade em relação ao Oceano. O livro presta-se a isso; construí-o para que mergulhar nele fosse mergulhar num mar de sentidos e de possibilidades eventualmente inesgotáveis. Esse teu olhar, que vê nele uma obra de ensinamentos para a vida, é, quanto a mim, bastante clara. A viagem daqueles heróis é, também, uma viagem pela sabedoria. Há cantos, inclusive, em que aprofundei sentimentos ou temas em específico; alguns terão mesmo um pendor filosófico, por meio dos quais o leitor poderá refletir ou a partir dos quais se poderá refletir — a reflexão é indissociável da água. Não se mergulha no Oceano sem correr esse risco.


NCP — Acreditas que a literatura pode criar conexões entre as pessoas? Se sim, em que medida?


N — A vários níveis: entre leitores, dos leitores para o mundo; entre escritores, dos escritores para o mundo e o seu reverso. A palavra une e separa, dependendo também das intenções de cada um. Além disso, serei menos só, parece-me, desde que publico livros. Tenho sentido que pertenço, por vezes. E esse é um sentimento que me é, a vários níveis, uma novidade.

Akbar — Lunário Poético duma Alma ainda Árabe (2025) nas livrarias portuguesas.
Akbar — Lunário Poético duma Alma ainda Árabe (2025) nas livrarias portuguesas.

NCP Na perspetiva de autor, como te vês daqui a uma década?


N — Se possível, igualmente feliz, pelo menos. Porventura mais realizado, nisto ou naquilo. Sendo que terei, no dia de hoje, manuscritos concluídos para os próximos anos... espero daqui a dez anos ter outros tantos escritos ou preparados para os dez anos seguintes. Espero estar a fazer um caminho sólido, passo a passo. Consistente e com qualidade literária. Espero que seja sempre esse o caminho. Haja saúde, para mim e para os que me rodeiam, que sem isso não haverá literatura em nome próprio. Se assim for, daqui a uma década estarão realizados os objetivos de hoje.


NCP — Que conselho darias a alguém que se quer tornar escritor, mas tem medo de arriscar?


N — Que faça por perder esse medo. Ou por transformá-lo em alguma espécie de motor que lhe permita avançar para a concretização. Se esse medo advir de inseguranças relativamente à qualidade do que escreve, o caminho será ler e escrever mais, viver mais, estudar mais, aprender e trabalhar técnicas. Deverá desistir, apenas, se perceber que é mais feliz e mais inteiro a fazer outra coisa... mas isso não será realmente uma desistência, não é? Que resista à tentação de se enganar. Quando se sentir minimamente capaz, que avance. Se não e se quiser... que avance, ainda assim! Mais tarde ou mais cedo perceberá o seu caminho. Se for para se tornar escritor, tornar-se-á escritor. Que viva a vida. Que não seja a vida a vivê-lo.


Obrigado, Nádia, pela generosidade das tuas perguntas.


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