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Oceano — O Reino das Águas (2021), de Nero | Opinião crítica

  • Outro
  • 31 de mai. de 2024
  • 2 min de leitura

Atualizado: 4 de jul. de 2024


Opinião por Jorge Teixeira, crítico

[originalmente publicado: Goodreads]

25 abril 2022


Mais que emoção, é livro que toca e sufoca na garganta, na voz e na palavra, audível por uma música interior pulsada e ondulada pelos versos e rimas de uma poesia impressionante, quer se estranhe ou se entranhe. Uma autêntica lufada de ar fresco, um imponente mergulho de fim de tarde, ou um poderoso sonho no culminar de um dia turbulento.


De natureza exigente, é uma espécie de almofada atraente e desconfortável, que incomoda, mas que roda e que às tantas vira a viagem cómoda, virando-se do avesso, para quem queira esse acesso e se esforce com o excesso. Da realidade para o oceano, o salto para o vazio, para a água, sem pé, mas com o sopé dos grandes nomes da antiguidade, dos épicos e poemas clássicos. Também da fantasia, das criaturas mágicas, da companhia e da ousadia da inocência e da essência. O Bem e o Mal, o real e o imaginário, o passado e o presente, a inspiração, a respiração e a aspiração, entre tanto mais, tantos são os pais e os ideais.


Um projeto impossível que surpreendentemente determina uma obra credível, e incrível. Cumulam os círculos e os símbolos, estes que se saturam e se satisfazem, e se fazem. Terá as suas tonturas e limitações que não mais são do que divergências e influências e motivações. No fundo, lá nas profundezas, é defeito que se torna feito e manha que passa a façanha, onde a imperfeição se treina, a cada canto e recanto, e a perfeição reina no encanto, no desenlace do novelo - entre os peões e as ações, e entre quem criou e quem andou e guardou.


Para alguns terá causado estranheza, para outros transformou-se em fortaleza. A cada entrada, cada passo e cada etapa vencida numa corrida que vai certamente ser repetida. Aceitei, acreditei e gostei - e como se vê neste texto - inspirou-me e recordou-me e, deste jeito, satisfeito, assim partilho e aconselho, sem rodeios. Não é para todos, e não tem mal. Não é para todos os dias, e é normal. É, sim, para o trovador e para o sonhador no tempo certo, e é brutal.


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